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25/02/2011

Livros para frutificar – Predictably Irrational de Dan Ariely


Acredito que uma das bases do frutificar é a mistura de ideias e referências pessoais.   Por isso meu desejo é compartilhar (e receber) dicas de livros inspiradores para negócios e realização de sonhos em geral.  E começarei com “Predictably Irrational”, ou “Previsivelmente Irracional”,  na versão em português.
Dan Ariely, o autor, é um economista comportamental.  Ou seja, estuda como comportamentos e atitudes influenciam a forma como consumimos e compramos.  Tendo trabalhado quinze anos com pesquisa de mercado, acho fascinante aprender que as pessoas nem sempre agem conforme seu discurso e que muitas vezes o “politicamente correto” perde para instintos mais básicos e obscuros... E Dan faz experimentos reais com pessoas de verdade, o que torna o livro ainda mais interessante.
Como isso afeta o meu, o seu, o nosso negócio?  De uma forma relativamente simples: ao entender determinados padrões que se repetem no jeito das pessoas se relacionarem com bens e empresas, podemos criar oportunidades de crescimento e realização para todos, vendedores e compradores... Um coworking econômico, que tal?
Vejam  três dos meus capítulos favoritos:
"The Cost of Zero Cost" fala de como somos atraídos pelo grátis (mesmo quando ele custa caro).  Por um lado, o grátis sempre poderá trazer novos clientes. Mas também deixa o desafio de não nos iludirmos com o que é “sem custo”.  Se somos vendedores e de fato estamos dando algo sem contrapartida, será que nosso negócio agüenta? Precisamos compensar de alguma forma.   Como compradores, precisamos avaliar se de fato não estamos consumindo algo  fútil ou desnecessário. E se não há gastos embutidos nas letras pequenas... Enfim, sermos conscientes e não cair em armadilhas como promoções que fazem você comprar o que não precisa ou mais do que precisa.  Em suma, não consuma por que a oferta parece vantajosa. Gaste quando precisar (sabe aquela conversa de "reduzir"? Faz diferença).
"The Effect of Expectations" mostra como tendemos a realizar nossas expectativas.  Espere o melhor, ele virá. Espere o pior...  Ele virá também.   Acredite na cura: o efeito placebo é um clássico neste sentido.  E se acreditamos que é possível mudar de vida, emagrecer dezoito quilos, não ter patrão... Bem, funcionou para mim.  Uma excelente prática é pensarmos no que desejamos para o ano que vem. Que realizações queremos alcançar? Que desafios queremos vencer? O ideal é combinar sonhos mais abstratos com metas concretas.   “Criar um novo negócio” e “fazer Pilates religiosamente duas vezes por semana”.   Enfim, boa época do ano para ter esta discussão consigo mesmo, não?
Finalmente, "Keeping Doors Open". Queremos tudo. E temos medo das portas que fechamos. Mas isto é paralisante.  Ficamos entre duas escolhas, correndo o risco de perder as duas (“é melhor um pássaro na mão do que dois voando...”).
Lembro-me de um causo da  minha vida: minha mãe ia se mudar para Londres, meu sonho de consumo de cidade. Eu tinha vinte anos e namorava um moço chamado Lucrécio há apenas três meses.  Estava dividida entre uma possível história de amor e realizar um sonho... E acabei jogando na roleta: vou fazer apenas uma prova de trainee, para a Souza Cruz. Se passar, eu fico. Passei, estou com o moço há 17 anos e morei em Londres por quinze meses com ele, pela Souza Cruz, anos depois.  Mas neste caso, tive que optar e uma porta fechava a outra.   Muitas vezes, não. Muitas vezes duas portas ficam abertas e você com um pé meio dentro, meio fora de cada uma. Para quê? A vida é agora. Enfie os dois pés numa porta e seja feliz. Ou não, mas pelo menos você tentou.
Recomendo o livro. Para negócios e para a vida pessoal.  Ah, mas eles são a mesma coisa, não é?
Este post foi originalmente publicado no blog do Bees Office