Com seu olhar atento e mãos hábeis, compartilhou ideias e foi artesã da primeira versão do caderno Odisseia, hoje um grande sucesso do projeto!
O tempo passou e ela resolveu conhecer como era por dentro. Numa época bem especial de sua vida, a gestação de sua Penélope...
Recebemos Clarissa com gratidão. E hoje nos ela conta como foi tecer este bordado conosco...
Acompanhei o Odisseia desde a sua gestação. Olhava para ele
e pensava: um dia estarei ali.
Dúvidas sobre carreira, qual o sonho a abraçar no trabalho.
Isso tinha tudo a ver comigo. Iniciei quatro cursos universitários diferentes,
abandonei dois. Trabalhei por quatro anos em empresas, em geral gostando e
aprendendo muito, mas sabendo, sentindo,
que não seria aquele o caminho que eu queria seguir. Por outro lado, eu não via
com clareza outros caminhos, e resistia. No início de 2010, pedi demissão e fui
trabalhar como autônoma. No princípio, fiquei preocupadíssima se aquilo ia
funcionar. Depois fui relaxando um pouco – não muito, ainda –, sentindo a
satisfação de poder lidar com o tempo e as diversas atividades ao longo do dia
e da semana, mas sempre tensa com prazos e o fechamento do mês, normal. Me dei
ao luxo de fazer um lindo curso de encadernação no meio da tarde. Trabalhei um
pouco com isso, ganhei algum dinheiro. Fiz os primeiros livrinhos do Odisseia.
Já estava fazendo um curso de formação em terapia reichiana; podia participar
dos grupos de estudos e me dedicar a encontros e seminários que seriam
impossíveis de assistir com uma jornada de, no mínimo, 44 horas semanais (mais
o trânsito...).
Os planos para 2012 prometiam trazer um ano diferente: mais
estudos e uma grande mudança: eu ia me casar.
O Odisseia, em fevereiro, me pegou nesse momento de
expectativa. As linhas estavam traçadas, era preciso executá-las. No workshop
percebi que, na verdade, também precisava diminuir a quantidade de frentes. Dar
um melhor tamanho ao sonho (o meu apareceu tão grande e colorido, de quem quer
abraçar o mundo, mas o problema sempre foi este: só tenho dois braços e duas
pernas!)... Diminuir. Focar. Dar muita energia a um projeto ao qual eu queria
me dedicar: a festa, a casa, e claro: o futuro marido. Não esquecer de outro
projeto que eu queria tocar: a minha clínica como terapeuta. Dar conta do que
me sustenta: meu trabalho como freelancer para empresas de comunicação.
Nos últimos dias do workshop foi que eu realmente me toquei: eu já sabia por qual daqueles caminhos eu
queria ir. Já tinha um destino, precisava cortar uns desvios, parar de pensar
como um funcionário de empresa, acreditar
e ir em frente, com determinação (a “idade do guerreiro”). Depois de 10 anos,
finalmente fui descobrir que eu sabia
o que queria fazer. Agora era fazer.
E, no entanto, os momentos mais bonitos da minha Odisseia disseram respeito à vida
a dois que eu queria construir. Alinhar pessoa física e pessoa jurídica do qual
Leticia e Érica sempre nos lembram; fui buscar sobre o trabalho, encontrei
muito sobre o amor. Que benze, que nutre,
foram palavras que apareceram na minha colagem. Pedir a bêncão do pai terreno e
acreditar no pai maior, na vida.
Não há dúvida que o rumo escolhido, como terapeuta, está
totalmente vinculado também ao amor. É meu maior investimento hoje, e tem dado
retorno. Poder cuidar. Poder ter um olhar diferente para as situações, as
pessoas, ajudá-las a mudar. Organizar o tempo de uma maneira mais orgânica,
mais saudável.
O nosso grupo tinha mais quatro pessoas e gostei muito de
estar com eles. Todos completamente diferentes, em momentos distintos, e
descobrindo muito de si. E lançando um novo olhar sobre as possibilidades.
Érica e Leticia, obrigada! Foi lindo participar do
projeto!